sábado, 7 de agosto de 2010

Dia desses...-Jocendir Bueno de Camargo

















Dia desses...-Jocendir Bueno de Camargo

Dia desses ia eu brincando, festeiro, alegre e saltitante. Caminhava levando meu pequeno mundo dentro de minha imaginação. Era eu um galante toureiro numa repleta arena de Madri...
Ahhh,meus sete anos de idade, como foram ligeiros a se distanciarem do hoje... Eu tinha um amor secreto, tão secreto que só vim a me dar conta desse amor aos 12 anos, quando ela já tinha partido para longe... E eu lá, continuava a brincar... Como era gostoso ser ignorante... ignorar a dor da saudades, ignorar a dor do amor, ignorar a dor da desilusão... Mas é assim que é, e a vida não para para se aprender. Nem para ser sonhador. A gente cresce, vira gente grande, sabichão, tudo sabe, tudo entende...hummmm, quanta besteira... eu sabia muito mais quando tinha seis anos de idade... Sabia que eu poderia ser toureiro e bastava abanar uma velha toalha vermelha para ver em minha frente o touro estatelado... Sabia que bastava fechar os olhos e tornava-me "El Zorro" - o justiceiro... e se aparecesse um sabichão qualquer para ser melhor que eu, bastava gritar por papai ou mamãe... É, a gente cresce, vira "Doutor", pós-graduado em uma porcaria qualquer, sai pelo mundo ministrando aulas, querendo ensinar tudo a todo mundo, e então.... descobre que o tempo passou, o corpo curvou, o encanto acabou, o amor foi ilusão, estamos sós novamente. E assim temos a real visão de que nos tornamos velhos, nos transformamos em crianças enrugadas... Quando éramos pequeninos, éramos ignorantes mas éramos cheirosos, bonitinhos, umas gracinhas... agora não somos apenas ignorantes, mas fétidos, carrancudos e feios, uns trambolhos... Aí me lembro de um poema que recitara certa vez... "ah, ai que saudades que eu tenho, da aurora da minha, da minha infância querida......" e passo a sonhar acordado com uma nova vida, uma vida irreal, uma vida após a morte, onde numa nova encarnação serei novamente criança, sonhadora, vencedora, e, deliciosamente ignorante, novamente acreditando no velho e bondoso Papai Noel, em Coelhinho da páscoa, com medo de Sací e Curupira...
Deliciosamente voltarei a meus seis lindos, aqueles maravilhosos e longinquos anos dourados
da aurora da minha vida... que os tempos não trazem mais...

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