MEDO DE SAUDADES SENTIR - Jocendir Bueno de Camargo

Então se fez suave a brisa, e o sol foi, pouco a pouco, deitando no horizonte tal cavaleiro cansado de mais um dia de batalha, seu corcel atrelado junto a um monte de feno e suas armas a descançar ao seu reor... A lua, agora faceira, já alto se punha e se punha num brilho sem par, parecia não querer dar espaço à estrela alguma que se atrevia a querer brilhar... a lua se auto-elegera dona da noite, e só perdia em formosura para a imagem de minha amada que é a mais bela de todas as formosuras que Deus já criou...
Meu medo de amar me fez perceber que deixara nascer em meu peito um sentimento tolo de não querer sentir saudades de meu bem e, com isso, negava eu o amor que carregava em meu tolo coração... minha amada tornara-se triste e eu, num egoismo sem igual, negava a ela meu sentimento, minha paixão... tlo coração que carrego em meu peito, tola razão de minha alma errante, era eu um pobre desaventurado, um perdido com medo do amor... já não dormia, não mais sonhava, não mais comia, apenas lastimava um amor que eu tinha medo de viver...
Descobri o meu medo tarde demais... deixei você voar como ave ferida que toma medo de retornar e se esconde num fundo rincão... deixei você partir com medo de meu amor... deixei meu amor te ferir por tentar se esconder e foi então que descobri que amar é ser valente e não ter medo nem mesmo de solidão, amar é correr risco de receber um não e mesmo assim persistir atrás de uma louca ilusão... amar é deixar se ferir em busca de um galardão, de uma vitória sofrida com gosto da imensidão... e vou eu aqui vivendo, correndo atras de tí, tentando consertar meu erro e, quem sabe, curar sua dor, curar seu amor e, novamente, sonhar com seu calor...